Equipe da UFLA participa de projeto internacional que busca criar estátuas budistas interativas para museu Nacional da Coreia do Sul

Imagine o visitante de um museu na Coréia do Sul vivendo uma experiência imersiva com as estátuas de Buda, que lá são consideradas “tesouros nacionais”. Além de apreciar, o visitante pode conversar com as estátuas. Elas respondem às suas perguntas sobre o budismo e são capazes, inclusive, de interpretar mudras feitos pelo visitante (gestos simbólicos feitos com mãos e dedos nas práticas espirituais e religiosas). Essa cena poderá ser real em pouco tempo, no Museu Nacional da Coréia, e os robôs de Buda que prometem essa interação com o público estão sendo projetados com a participação de uma equipe do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas da  Universidade Federal de Lavras (Icet/UFLA).

Durante todo o mês de junho de 2025 o estudante de Ciência da Computação da UFLA Marco Túlio Amaral Silva esteve no Human-Machine Lab da Ontario Tech University, em Oshawa, Ontário, Canadá, no encontro que congregou as equipes que se dedicam ao projeto internacional Large Language Model (LLM)/Large Behaviour Model (LBM) and Augmented Reality (AR) for Fine Arts (Grandes modelos de linguagem e comportamento e realidade aumentada para Belas Artes). O objetivo do estudo é desenvolver robôs sociais com comportamento orientado por inteligência artificial, com o intuito de enriquecer a experiência de visitação no museu, integrando tecnologias como modelos de linguagem, realidade aumentada e interação homem-robô.

“Tudo começou com uma demanda do Ministério da Cultura, Esporte e Turismo da Coréia do Sul, que convidou uma equipe do curso de Artes Digitais da Hongik University a desenvolver a proposta. Como a ideia exigia também conhecimentos em programação, engenharia e robótica interativa, a parceria estendeu-se à Ontario Tech University, no Canadá”, diz Marco. E foi então que o professor do Departamento de Ciência da Computação (DCC) André Salgado, que fez parte de sua graduação e do doutorado na instituição canadense, recebeu o convite para colaborar, e incluiu os estudantes no estudo. Hoje, a equipe da UFLA envolvida no projeto conta, além de Marco, com os estudantes Rodrigo Marques Duarte (Engenharia de Controle e Automação) e Lucas Gabriel Pereira Moreira (Sistemas de Informação).

No Canadá, as estátuas já foram recriadas por meio de impressão 3D e ganharam mobilidade. A equipe da UFLA contribui com o desenvolvimento do software de Inteligência Artificial responsável pela escuta, fala e interpretação de



As equipes do Brasil, Coreia do Sul e Canadá reuniram-se para apresentar a primeira versão do protótipo.

mudras, garantindo que cada uma das funcionalidades do robô esteja de acordo com informações específicas do budismo sulcoreano. Isso contribui para um dos principais pontos do projeto, que é o de proporcionar uma experiência mais imersiva e interativa para os visitantes do Museu Nacional da Coréia. O projeto estará em desenvolvimento até meados de 2026 e, até lá, todas as equipes envolvidas trabalham para aperfeiçoar as estátuas, aprimorando códigos, softwares, arquitetura, e adicionando novas funcionalidades.

O professor André destaca que a viagem ao Canadá em junho não estava programada inicialmente, mas a coordenação internacional do projeto fez questão de proporcionar a participação brasileira no encontro. “Marco foi o primeiro discente a ingressar no projeto internacional e, devido ao destaque da equipe, todos foram convidados a realizar parte da pesquisa no Canadá. Por questões logísticas e de disponibilidade, Marco foi o primeiro a concretizar o intercâmbio acadêmico e representar nossa equipe no encontro do projeto”, conta.

O estudante relata ter vivido muito mais que uma experiência acadêmica. “Todo o mês de junho, no Canadá, foi de finalização conjunta da primeira versão dos protótipos desenvolvidos, para uma apresentação pública dos resultados obtidos até o momento. Também visitamos templos budistas em busca de uma avaliação dos trabalhos, e tivemos aprendizados importantes que devemos incorporar à proposta”, diz Marco. “Mas, para mim, foi muito além de uma oportunidade de conhecimento técnico e acadêmico. Fiz contato com pessoas de vários países, descobri áreas de pesquisa que eu desconhecia, participei de eventos e conheci outras instituições de destaque, como a Ocad University, o Riverdale Hospital e a McGill University. Foi um período de grande formação humana também”.

O projeto, coordenado internacionalmente pelos professores Young Yoon, da Hongik University (Coreia do Sul), e Patrick Hung, da Ontario Tech University (Canadá), abrange práticas que, como pondera Marco, exigem bem mais que apenas a contribuição tecnológica. “É um projeto feito na interface entre religião, robótica e IA. É motivador participar de algo bem novo, que está nessa fronteira. Isso nos traz novos aprendizados que vão além da base do curso de graduação”, avalia.

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